24 outubro, 2005

Minha Guitarra e Eu Blues

Então você se foi, mas não fui eu quem perdeu Você se foi, baby, mas não fui eu quem perdeu Ainda vivemos juntos, minha guitarra e eu. O nosso amor acabou, mas foi você quem sofreu O nosso amor acabou, mas foi você quem sofreu Ainda estamos felizes, minha guitarra e eu. Minha vida contigo era tão complicada Minha vida com ela ficou amplificada O que eu quero ouvir ela canta pra mim E quando quero gritar ela grita por mim Não preciso agüentar nem você nem ninguém E quando choro sozinho ela chora também E de você nem me lembro, nem do que aconteceu Mas de você nem me lembro, nem do que aconteceu Ainda cantamos o blues, minha guitarra e eu. Endless love, it’s just with her so far Endless love, it’s just with her so far For all time together, me and my guitar.

19 outubro, 2005

Água Gelada

Meu prato está farto. E como com vontade. Com vontade sempre. Mas essa comida está meio sem gosto, sem graça. Então, – como me recomendariam – coloco sal e pimenta. Continua sem graça. Ficou apenas salgada e ardida. Não adianta. O que é ruim, é ruim e vai continuar sempre ruim. Temperando ou não. Não é falta de tempero. Aliás, o sal e a pimenta só me trouxeram sede. Só quero agora um copo d’água. Isso é que é bom, água gelada. Bem gelada. Pra limpar minha garganta e refrescar minha boca.

14 outubro, 2005

Mensagem

E tivemos aquela conversa de sempre. Eu pedindo que nos encontrássemos e ela ocupada demais com amigas e outros compromissos secundários. Eu insistindo que me visitasse e ela irredutível e insensível. Disse isso a ela e nos brindamos com palavras rudes, mas sem uma briga declarada. Depois nos despedimos normalmente e desliguei. Já era tarde e fui dormir, sem conseguir. Apesar de ter desligado com beijos, estava com raiva, muita raiva contida. Tanta coisa a ser dita e nada disse, mas também não cabia dizê-las. Não temos nada um com o outro, somos apenas duas pessoas que se gostam e que estão juntas, mas sem vínculo, sem rótulo, sem compromisso. Mas não conseguia ficar em paz, estava sufocado pela minha angústia de querer falar. E ali estava, logo ao meu alcance, meu celular, não para ligá-la, mas para resumir todo o meu descontentamento em uma mensagem. E comecei a escrever, “Estás cada vez mais distante, estás te afastando e me perdendo”, e apaguei. Não estava boa, tinha que tocá-la, tinha de ser mais contundente, “Lamento por tentar ser tão arrogante e conseguir”. Após pensar em mais algumas frases ásperas que não me satisfizeram, comecei a refletir sobre mim mesmo. Era toda a culpa dela? Alguma sim, mas não toda. Talvez eu estivesse pressionando demais, talvez estivesse esquecendo os meus defeitos e dos erros que havia cometido e que poderiam estar causando isso agora. Enfim, me coloquei junto a ela no banco dos réus e me condenei com a mesma impetuosidade que a havia condenado. E então escrevei: “Tudo fica tão melhor quando nos abraçamos. Sinto saudades. Durma bem. Muitos beijos”. E assim deitei e dormi. Bem.

05 outubro, 2005

Essa Chuva

Ruas cinzas com essa chuva triste. Chuva que não molha, não incomoda Só deixa tudo cinza. Tenho cinza quente queimando nas mãos Jogando fumaça pela minha garganta. E sinto os meus olhos, enxergo mais. Tenho um livro molhado pesando nas mãos Lançando palavras pela minha cabeça E sinto os meus olhos, enxergo mais. Vejo as pessoas se protegendo Ocupando as mãos com seus guarda-chuvas Mas essa chuva não molha, não incomoda Só deixa tudo cinza.