30 março, 2006

Hino ao Amor

Oh pura e sagrada fonte das mais doces delícias, nós te celebramos! Fogo impetuoso, com o dardo do louco desejo tu flechas deuses e mortais. Brincas por toda parte, astuto e curioso. Guardas as chaves do céu e da terra. Das férteis planícies ao mar sempre imenso e às cavernas subterrâneas tudo que existe te obedece. Tu és o único senhor do universo. (Hino que faz parte dos cantos iniciáticos do século III.)

25 março, 2006

20:02 20/02 2002

Sei onde estava no dia 20 de fevereiro de 2002 às 20 horas e 2 minutos. Estava sentado na escadaria do metrô, olhando o relógio digital que ali estava e esperando uma garota. Às 20h03 ela chegou. Não sei o que fiz às 21 horas, nem mesmo o que aconteceu no dia 21. Lembro-me deste fato apenas pela data e hora em que ocorreu. Outros momentos mais importantes do que este – e que serviram para juntar mais um pedacinho nesse quebra-cabeça que sou – simplesmente não me vêm à cabeça e sem qualquer razão foram sumariamente esquecidos. Outra data como aquela acontecerá somente no dia 21 de dezembro de 2112, às 21h12. Sei, portanto, que não estarei presente neste dia. É estranha essa resignação da morte que temos. Nunca estamos assim tão tranqüilos quando ela se apresenta. É engraçada também essa noção absolutamente passível de ter feito alguma coisa uma única vez e ter a certeza de que ele não irá jamais se repetir. Os momentos vividos estão mortos. O passado é imutável e indiferente a nós.

17 março, 2006

Amor de Carnaval

Som dos tambores e baterias Alegria alegria alegria Brilho eterno de purpurina Laços sentimentais de serpentina Beijo voraz Felicidade demais Chuva de confete Lágrimas de confete Amor de carnaval Tão insatisfatório como definir o gosto do morango.