26 setembro, 2006

Luiza

Acordado. Francisco abre os olhos e reconhece a parede branca em sua frente. Luiza. Sem se mexer, pensa no dia que enfrentará. Lembra do sonho ruim que teve e que o sonho não passou de lembranças misturadas. Faz um esforço para levantar, rola na cama como um doente. Não precisa levantar, hoje é domingo. Enfrentar o dia lhe pesa muito, não importa o dia, se vai trabalhar ou não, enfrentar a realidade é um problema. O problema mesmo é acordar, quando acorda é como se voltasse à realidade duas vezes: uma que saiu do sonho – que mesmo ruim foi um sonho –, e outra que lembra que está vivo e que a vida é uma merda. A cama vazia, a casa vazia; era difícil levantar daquele jeito. Ia demorar para conseguir se desvencilhar dessa coisa que lhe sugava a alma, desse vazio. Depois de um banho e um copo de uísque seu ânimo não melhorou muito, mas melhorou. Ligou o rádio, bebeu mais cinco copos e se jogou na cama. Era melhor esperar a segunda-feira dormindo.