Morrer é Indiferente
E então ele morreu. Não é a morte o fim? O fato é que ela chega. Não importa se hoje ou daqui a cem anos. O quando é indiferente. Não existe essa coisa de viver mais intensamente, viver cada dia como se fosse o último. Vivo como me convém, com o meu ritmo e necessidade. Conseguir ou não fazer tudo o que almejo não faz diferença. Morto não leva experiências, nem arrependimentos, nem tampouco lamenta ter vivido menos. Simplesmente não pensa no assunto – Descartes não existe mais, logo não pensa. O importante é estar vivendo. Carpe diem. Viver o dia. Não como se fosse o último, apenas viver. Vivo somente por estar vivo. E, claro, prezando sempre por essa vida. Se amo e sofro e tenho e perco e aprendo e trabalho é porque estou vivo. Morto não faz nada disso. Apenas não faz. E então ele morreu. Triste? Talvez sua ausência. Não sua não-vida. Viveu o que lhe coube e isso já é o bastante.