Palavras
Escrevo para me ver livre, para não ficar louco. As idéias são como bichos, insetos, que entram na minha cabeça e se multiplicam. Quando não escrevo, elas ficam lá dentro se debatendo. E crescem – não que sejam grandiosas, mas crescem – e machucam e incomodam e não me deixam dormir. Escrevo então para minha cabeça não explodir, despejo e vomito palavras. As palavras carregam minhas angústias, emoções e sentimentos. Escrevo para ficar em paz.
As palavras são minhas. São comuns e usadas, mas me aproprio delas. Iluminação divina, inspiração, o que for. Quando escrevo faço delas escravas, subordinadas e me prendo a elas. Elas me prendem. Elas não mostram, não desvendam. Não. Elas escondem, isso sim. São muros de letras, mascaras em verbos e substantivos. As palavras são traiçoeiras às vezes.