28 setembro, 2005

Morrer é Indiferente

E então ele morreu. Não é a morte o fim? O fato é que ela chega. Não importa se hoje ou daqui a cem anos. O quando é indiferente. Não existe essa coisa de viver mais intensamente, viver cada dia como se fosse o último. Vivo como me convém, com o meu ritmo e necessidade. Conseguir ou não fazer tudo o que almejo não faz diferença. Morto não leva experiências, nem arrependimentos, nem tampouco lamenta ter vivido menos. Simplesmente não pensa no assunto – Descartes não existe mais, logo não pensa. O importante é estar vivendo. Carpe diem. Viver o dia. Não como se fosse o último, apenas viver. Vivo somente por estar vivo. E, claro, prezando sempre por essa vida. Se amo e sofro e tenho e perco e aprendo e trabalho é porque estou vivo. Morto não faz nada disso. Apenas não faz. E então ele morreu. Triste? Talvez sua ausência. Não sua não-vida. Viveu o que lhe coube e isso já é o bastante.

21 setembro, 2005

Apenas Um Parêntese

Eu – Bruno Carmo Ipiranga por batismo, Carmo da mãe, Ipiranga do pai, nascido em agosto de um ano remoto, brasileiro e carioca, apaixonado pela vida, indiferente à morte, adorador das mulheres, tendo uma como preferida, alto, pé 42, peso ideal, atuário por formação, estudante de jornalismo por prazer, cientista e engenheiro elétrico frustrado, só conseguia desmontar as coisas, consertar nunca, toco violão e guitarra, amigos poucos e bons, fã de whisky e limonada, não dispenso um chopp gelado, grande apreciador de Blues e solos melancólicos, admiro o mar, belo e perigoso, odeio racismo e mesquinharia, se pudesse pagava a conta do bar pra todo mundo, gosto de dirigir, prefiro avião a ônibus e carro a avião, diferente da maioria não gosto de futebol, pratiquei capoeira e natação, não gosto de cebola, gosto de ler e escrever, gosto de filme e música brasileira, desconheço meus medos, nunca plantei uma árvore, adoro viajar e me encontrar perdido por aí, a viagem pode ser pra Niterói que já estará boa, ignoro coisas importantes e conheço outras sem importância, tenho alguma inteligência, desprovido de esplendia beleza, tento ser humilde, acredito em amor à primeira e segunda vista, simples mortal – te amo.

15 setembro, 2005

25

Hoje é domingo, eu tenho 25. Eu acho que vai chover. E chove, chove muito. Inunda e leva tudo. Tudo o que era. Leva sonhos. Não todos, mas enferruja os que ficaram. Hoje é domingo. Porque ter 25 é viver no domingo. Fim do fim-de-semana e prenuncio da segunda-feira. Início da semana. Da vida. Acabou a vida de fim-de-semana. Estourar espinhas foi fácil. A segunda-feira está chegando. E esse domingo é chuvoso sim. Triste e melancólico. E não haveria de ser de outra maneira. É hora de ir ao encontro marcado. Realidade à flor da pele. Desejo de ser mais e poder mais. E poder ser. A transição. O divisor de águas. Ter 20 e ter 30 e ainda ter 5. Ser senhor de si, ainda sendo filho. Assentamento de idéias e definitiva maturidade e personalidade. A teoria acabou. Vinte e cinco anos de aprendizagem e agora é a prática. Estudo e trabalho e insatisfação e procura. Ah sim, a procura não termina. Ainda há sangue. Tenho 25 anos de sonho e de sangue...

06 setembro, 2005

Tuas Fotos

Tuas fotos me doem Não por mostrar tua beleza Mas por me remeter à tristeza De te saber distante. Não só tua distância física Que quilômetros mantêm Mas um espaço beligerante Que o amor não alcança. Essa dor é um receio Uma angustia idílica Que não possui esperança Pois a perenidade esgota E o nosso amor está cheio Mas há a última gota.

01 setembro, 2005

Descrever-te

Tudo o que eu quero é escrever-te. Descrever-te em versos e palavras belas. Mas não consigo. Não sei traduzir o teu jeito de menina risonha com ideais de mulher madura e que esconde infindável carência atrás de uma imagem de pessoa independente. Não saberia interpretar os teus olhos que me despem e me entendem e me revelam inadvertidamente o quanto me desejas. De maneira alguma poderia eu definir os teus lábios que me beijam a distância e quando me beijam maltratam a minha boca de carinho e quando me falam acariciam meus ouvidos com palavras rudes e poéticas. Enfim, não sei descrever-te, só sei amar-te.